Como eu disse nem sempre foi assim. Meu nome é Willams Gabriel, nasci no Brasil, o que é um raro privilégio de minha condição agora, no ano 1939, como diria o escritor José de Alencar, tenho uma pele da cor do Brasil, olhos castanhos puxados, ombros largo, e uma boca, bem essa parte eu vou deixar para vocês adivinharem depois. Nasci na capital de Fortaleza, onde ainda eram remotas as possibilidades de ser uma cidade grande, como é hoje, cresci vendo a mar, sentindo o vento. As casas afastadas do centro da cidade ainda eram calhadas de branco e avarandadas. Uma vida monótona, cheia de nostalgia. Meu pai era mercador bem sucedido e logo aos 17 anos me mandou para Europa, estudar. Dizia ele que seria a melhor coisa para os negócios da família. Esse foi o engano.
Estudava em colégio de padres, onde temer a Deus era a maior das sabedorias, o que nunca aconteceu comigo, não temer a Deus, mas seguir regras as quais nunca foram minhas. Enquanto os jovens pesavam em estudos eu pensava em arte, musica e farras. Por diversas vezes fui arrastado pelo meu pai das casas de tolerância – os bordeis. Meu pai sempre dissera que eu não tomava jeito. Mas nunca deixei de cumprir minha parte no trato de bom filho.
Logo aprendi ofício de bom negociador, e jamais perdia as negociações. Meu pai era um fã. Ele dizia: “Nunca fui muito talentoso, mas sempre tive muita sorte. E você tem os dois, e algo que encanta as pessoas”. Aquilo soava interessante, pois sempre fui muito tímido e muito sério, mas nunca deixará de negociar e de persuadir as pessoas.
Viajei para Londres, uma das cidades mais lindas do mundo moderno ainda com alguns traços do passado. Logo me destaquei, pela beleza incomum, e pela simpatia um tanto quanto misteriosa. Acredito que talvez seja isso, esse tom misterioso no olhar é que fazem minhas vitimas se entregarem.
Na época eu não era muito popular, mas logo consegui alguns amigos. Victor, um jovem da minha idade, de cabelos vermelhos e olhos muito azuis, 1,80m de altura e uma aparência magra, onde, nunca gostara de meu primeiro nome por isso adotou Williams, dizia ele que parecia mais comigo. E Janet, uma loira, de lábios carnudos e vermelhos, pela branca e um corpo o qual todos ficavam loucos, seu sorriso era largo e espantava a todos com o som de suas gargalhadas. Eu nunca entendi direito, mas eles tinham um tipo de laço. Todos diziam, e eles afirmavam também, que não eram namorados, mas era excitante a formam como se olhavam como seus corpos se encaixavam mesmo sem estarem tão pertos. Havia uma cumplicidade no ar.